domingo, 18 de julho de 2010

A Lista



Este ano tem eleição. Se você for votar em alguém, "siga um bom conselho que eu lhe dou de graça" e procure anotar tudo o que prometeram os candidatos ao cargo de presidente.
Dispense as acusações mútuas, deixe de lado os efeitos especiais, esqueça as vozes dos locutores e procure concentrar-se no que efetivamente restará no final: o eleito (ou a eleita).
Tente aproveitar o pouco tempo que resta e comece a fazer sua lista do que cada um prometeu. Peça a ajuda de amigos, familiares, repasse os olhos em jornais velhos e revistas deixadas em consultórios de dentistas. Aproveite o instrumento da Internet, vasculhe os dias de campanha e vá montando seu dossiê.
Pronto. Por mais incompleto que possa ter ficado, seu dossiê conterá uma relação mínima de promessas. Ele será incompleto, sim, mas não será mentiroso. Se alguém mentiu não terá sido você, que apenas anotou o que lhe disseram, ou melhor, o que "eles" afirmaram.
Agora espere o "day after". Antes da posse você ainda terá tempo de completar sua lista, afinal o eleito (ou eleita) passará ainda uma boa parte de seu tempo reforçando o que disse durante a campanha.
Escolha aquele gaveta que você usa para guardar coisas "esquecidas", tais como dívidas para as quais ainda não tem solução, projetos inconclusos e mirabolantes, fotos de antigos amores, agendas antigas... Deixe lá sua lista, e vá gozar o verão – afinal vivemos num país tropical, com direito a carnaval e muito sol, pois não?
No meio do ano deixe marcado em sua agenda um lembrete curto: "resgatar a lista". Retire-a então da gaveta e comece a descobrir o efeito da escolha que você fez. Ou se não você, pelo menos a maioria dos que habitam este país.
Talvez você chore de raiva, ou até mesmo se surpreenda positivamente. Talvez aumente seu pessimismo, e diminua ainda mais sua fé nos políticos.
Mas não importa. O mais importante é que você terá descoberto que esta lista tem nome. Chama-se "memória". 
Fonte Primeiro Programa "Alexandre Pelegi"
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